O Centro de Ensino Médio Ave Branca (CEMAB) é
uma das quatro escolas do Distrito Federal privilegiadas com o Programa de
Incentivo a Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) do curso de Fisica da Universidade
de Brasilia. O PIBID é um programa, como
o próprio nome diz, que envia alunos da licenciatura para as escolas públicas
do estado, para que eles tenham o primeiro contato com alunos do ensino básico
e desenvolvam habilidades para docência. Cada escola adotada tem um professor
coordenador, que é o professor efetivo da disciplina na escola, no caso,
física. Cada coordenador decide como vai ser a atividade dos pibidianos na
escola, que vai desde monitorias até oficinas de determinados assuntos e experimentos,
ou de acordo com a criatividade dele. Também é atribuído a ele o trabalho de
orientar o pibidiano em sala e até ensinar alguns saberes docentes.
O coordenador do CEMAB é o professor Wagner e,
com ele, costumamos realizar experimentos sobre cada matéria ensinada em sala
de aula, e plantões de dúvidas antes das provas bimestrais. O CEMAB é uma
escola de estrutura invejável, pois, apesar de ser uma escola pública, tem
laboratórios de Física, Química e Biologia em funcionamento. Por ter um laboratório
em boas condições, os pibidianos tiveram espaço para poder ensinar física
através de experimentos. O PIBID Física
UnB está atuando no CEMAB desde setembro de 2014, e trabalhávamos com alunos de
primeiro ano do ensino médio. Em 2015, começamos a trabalhar com segundos e
terceiros anos.
Logo no início do período letivo, houve uma
reunião com professores das ciências da natureza e pibidianos (da UnB e da UCB)
e foi decidido fazer uma feira de ciências, denominada “A Ciência Através dos
Tempos”, onde cada turma do turno matutino deveria escolher um tema e
desenvolver um trabalho científico, e no final do semestre apresentar para a
equipe organizadora e demais alunos da escola. Em seguida, realizamos
experimentos com essas turmas durante todo o semestre.
Com os segundos anos, foi feito um experimento
de dilatação, mas tudo manuseado pelos pibidianos, pois não tinha material pra
todos os alunos. O experimento tinha como objetivo calcular o coeficiente de dilatação
de uma barra metálica e, através do valor encontrado, descobrir de qual
material ela era feita. Aquecemos a água e a colocamos para passar dentro da
barra para esquentá-la, de modo que causava uma dilatação, que era possível ser
observada no dilatômetro. Depois de realizados todos esses procedimentos,
passávamos uma breve teoria que pudesse auxiliar o aluno a descobrir o
coeficiente de dilatação e o material da barra. Fizemos também um experimento
com calorímetros, mas dessa vez apenas instruímos os alunos e eles realizaram o
experimento que consistia em achar qual era o calor específico de um cilindro
metálico que foi aquecido com água no calorímetro e, como no experimento
anterior, achar de qual material a liga metálica era composta (através do calor
específico). No final de todos os experimentos, cobrávamos relatórios que eram
feitos em duplas e depois corrigíamos. Com os segundos anos sempre tínhamos
problemas com a nota que foi atribuída a cada relatório e cópias. No primeiro
houve muitas notas baixas e tivemos que cobrar que os relatórios fossem refeitos
para que os alunos pudessem recuperar nota. No segundo experimento as cópias
diminuíram drasticamente, mas ainda tivemos que dar recuperação para alguns
alunos. Acho que houve essa diminuição em colas porque mudamos o método de cobrar
as questões nos relatórios. O que antes eram perguntas que tinham respostas
totalmente teóricas virou perguntas que tinham respostas baseadas num
fundamento teórico, mas com um fundo pessoal.
Com os terceiros anos foi menos complicado. O primeiro
experimento foi sobre campo elétrico. Utilizamos um Gerador de Van der Graaff
para mostrar as linhas de força de um campo elétrico. Antes disso, aproveitamos
o gerador e relembramos os tipos de eletrização botando os próprios alunos para
testarem. O experimento sobre campo elétrico foi totalmente demonstrativo. Com
auxílio de óleo de ricino, flocos de milho e um retroprojetor, conseguimos
projetar na parede os tipos de carga e como as linhas de força do campo
elétrico agem em cada uma delas. O terceiro experimento foi com circuitos que
ligam lâmpadas em série e em paralelo. Além disso, foram usados voltímetros e
amperímetros para poder medir a tensão e a corrente de cada circuito para que
os alunos pudessem entender o que acontece em cada tipo de ligação. Para esses
alunos também foram pedidos relatórios para serem feitos em dupla, mas como
foram experimentos demonstrativos, tinham que ser entregues no mesmo dia. Não
tivemos problemas com notas e cópias nos relatórios do terceiro ano. Acredito
que tenha sido pelo fato de ter que entregar no mesmo dia do experimento.
Como dito anteriormente, os alunos do CEMAB
tiveram que organizar uma mostra científica. No primeiro bimestre, eles tiveram
que escolher um tema, justificar porque esse tema foi escolhido, e fazer um
trabalho escrito. Os professores
decidiram que os alunos teriam que fazer redes gerais sobre os temas
escolhidos, e depois redes específicas sobre cada subtema da rede geral. A
turma foi dividida em grupos, e cada grupo ficou responsável por uma rede
específica. Nessa parte do trabalho eles tinham que responder três perguntas:
”O que aprendemos?”, “O que fizemos?”, e “O que pretendemos fazer?”. Tivemos
muitos problemas com esses trabalhos e aí abrimos uma recuperação, pois o
trabalho valia muita nota. A segunda
parte do trabalho, que foi realizada no segundo bimestre, consistia em aplicar
todas as pesquisas que foram feitas sobre os temas e decorar uma das salas da
escola de acordo com o seu tema. Cada
turma ficou com uma sala de aula. As apresentações foram realizadas nos dias 6
e 7 de julho.
Nas últimas semanas do bimestre, realizamos
plantões de dúvidas no turno contrário, pois a escola estava próxima de ter
provas bimestrais. Porém, pouquíssimos alunos apareceram (mesmo com lista de
exercício valendo nota).
Todas as experiências foram positivas, mesmo com
os problemas que tivemos. Como a mostra científica foi organizada por muita
gente, quando havia reuniões, as conversas ficavam dispersas e não havia
consenso. Cada professor passava uma informação diferente para os alunos, e a
culpa de eles errarem algo sempre caía em cima do PIBID. Com o decorrer do
semestre o grupo do PIBID da UnB saiu da organização, ficando responsável
apenas pela avaliação no dia da mostra e dos trabalhos escritos. Alguns
trabalhos ficaram maravilhosos, mas alguns não ficaram nada bons. No fim
atribuímos notas de acordo com critérios estabelecidos pelos professores
efetivos, e a nota final vai ficar por conta deles. Os experimentos realizados
no laboratório trouxeram mais aprendizados do que a mostra. Realizávamos os
experimentos com a turma e dávamos alguns fundamentos teóricos que já haviam
sido dados em sala, mas os alunos costumam não lembrar. Há turmas que são bem
bagunceiras e aí fica um pouco difícil de lidar, mas isso me ajudou muito a melhorar
como professora. Percebi que eu tenho estado bem mais confiante para dar aulas,
coisa que eu não conseguia fazer assim que entrei no PIBID. Esse projeto tem
sido fundamental para o meu crescimento como pessoa, aluna e professora.
Nesse próximo semestre, pretendemos manter os
experimentos e tentaremos diminuir mais ainda as cópias de trabalhos, e
tentaremos incentivar os alunos a se interessarem por ciências. Entraremos com
oficinas aplicadas ao Enem, mas realizando experimentos, além da resolução de
exercícios. E realizaremos, paralelamente, trabalhos voltados para os dois
alunos deficientes visuais que temos na escola: o Mateus e a Hilary.
(relato escrito em agosto de 2015).
(relato escrito em agosto de 2015).