sábado, 5 de novembro de 2016

O PIBID NO CEMAB E MEU CRESCIMENTO PROFISSIONAL



O Centro de Ensino Médio Ave Branca (CEMAB) é uma das quatro escolas do Distrito Federal privilegiadas com o Programa de Incentivo a Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) do curso de Fisica da Universidade de Brasilia.  O PIBID é um programa, como o próprio nome diz, que envia alunos da licenciatura para as escolas públicas do estado, para que eles tenham o primeiro contato com alunos do ensino básico e desenvolvam habilidades para docência. Cada escola adotada tem um professor coordenador, que é o professor efetivo da disciplina na escola, no caso, física. Cada coordenador decide como vai ser a atividade dos pibidianos na escola, que vai desde monitorias até oficinas de determinados assuntos e experimentos, ou de acordo com a criatividade dele. Também é atribuído a ele o trabalho de orientar o pibidiano em sala e até ensinar alguns saberes docentes.
O coordenador do CEMAB é o professor Wagner e, com ele, costumamos realizar experimentos sobre cada matéria ensinada em sala de aula, e plantões de dúvidas antes das provas bimestrais. O CEMAB é uma escola de estrutura invejável, pois, apesar de ser uma escola pública, tem laboratórios de Física, Química e Biologia em funcionamento. Por ter um laboratório em boas condições, os pibidianos tiveram espaço para poder ensinar física através de experimentos.  O PIBID Física UnB está atuando no CEMAB desde setembro de 2014, e trabalhávamos com alunos de primeiro ano do ensino médio. Em 2015, começamos a trabalhar com segundos e terceiros anos.
Logo no início do período letivo, houve uma reunião com professores das ciências da natureza e pibidianos (da UnB e da UCB) e foi decidido fazer uma feira de ciências, denominada “A Ciência Através dos Tempos”, onde cada turma do turno matutino deveria escolher um tema e desenvolver um trabalho científico, e no final do semestre apresentar para a equipe organizadora e demais alunos da escola. Em seguida, realizamos experimentos com essas turmas durante todo o semestre.
Com os segundos anos, foi feito um experimento de dilatação, mas tudo manuseado pelos pibidianos, pois não tinha material pra todos os alunos. O experimento tinha como objetivo calcular o coeficiente de dilatação de uma barra metálica e, através do valor encontrado, descobrir de qual material ela era feita. Aquecemos a água e a colocamos para passar dentro da barra para esquentá-la, de modo que causava uma dilatação, que era possível ser observada no dilatômetro. Depois de realizados todos esses procedimentos, passávamos uma breve teoria que pudesse auxiliar o aluno a descobrir o coeficiente de dilatação e o material da barra. Fizemos também um experimento com calorímetros, mas dessa vez apenas instruímos os alunos e eles realizaram o experimento que consistia em achar qual era o calor específico de um cilindro metálico que foi aquecido com água no calorímetro e, como no experimento anterior, achar de qual material a liga metálica era composta (através do calor específico). No final de todos os experimentos, cobrávamos relatórios que eram feitos em duplas e depois corrigíamos. Com os segundos anos sempre tínhamos problemas com a nota que foi atribuída a cada relatório e cópias. No primeiro houve muitas notas baixas e tivemos que cobrar que os relatórios fossem refeitos para que os alunos pudessem recuperar nota. No segundo experimento as cópias diminuíram drasticamente, mas ainda tivemos que dar recuperação para alguns alunos. Acho que houve essa diminuição em colas porque mudamos o método de cobrar as questões nos relatórios. O que antes eram perguntas que tinham respostas totalmente teóricas virou perguntas que tinham respostas baseadas num fundamento teórico, mas com um fundo pessoal.
Com os terceiros anos foi menos complicado. O primeiro experimento foi sobre campo elétrico. Utilizamos um Gerador de Van der Graaff para mostrar as linhas de força de um campo elétrico. Antes disso, aproveitamos o gerador e relembramos os tipos de eletrização botando os próprios alunos para testarem. O experimento sobre campo elétrico foi totalmente demonstrativo. Com auxílio de óleo de ricino, flocos de milho e um retroprojetor, conseguimos projetar na parede os tipos de carga e como as linhas de força do campo elétrico agem em cada uma delas. O terceiro experimento foi com circuitos que ligam lâmpadas em série e em paralelo. Além disso, foram usados voltímetros e amperímetros para poder medir a tensão e a corrente de cada circuito para que os alunos pudessem entender o que acontece em cada tipo de ligação. Para esses alunos também foram pedidos relatórios para serem feitos em dupla, mas como foram experimentos demonstrativos, tinham que ser entregues no mesmo dia. Não tivemos problemas com notas e cópias nos relatórios do terceiro ano. Acredito que tenha sido pelo fato de ter que entregar no mesmo dia do experimento.
Como dito anteriormente, os alunos do CEMAB tiveram que organizar uma mostra científica. No primeiro bimestre, eles tiveram que escolher um tema, justificar porque esse tema foi escolhido, e fazer um trabalho escrito.  Os professores decidiram que os alunos teriam que fazer redes gerais sobre os temas escolhidos, e depois redes específicas sobre cada subtema da rede geral. A turma foi dividida em grupos, e cada grupo ficou responsável por uma rede específica. Nessa parte do trabalho eles tinham que responder três perguntas: ”O que aprendemos?”, “O que fizemos?”, e “O que pretendemos fazer?”. Tivemos muitos problemas com esses trabalhos e aí abrimos uma recuperação, pois o trabalho valia muita nota.  A segunda parte do trabalho, que foi realizada no segundo bimestre, consistia em aplicar todas as pesquisas que foram feitas sobre os temas e decorar uma das salas da escola de acordo com o seu tema.  Cada turma ficou com uma sala de aula. As apresentações foram realizadas nos dias 6 e 7 de julho.
Nas últimas semanas do bimestre, realizamos plantões de dúvidas no turno contrário, pois a escola estava próxima de ter provas bimestrais. Porém, pouquíssimos alunos apareceram (mesmo com lista de exercício valendo nota).
Todas as experiências foram positivas, mesmo com os problemas que tivemos. Como a mostra científica foi organizada por muita gente, quando havia reuniões, as conversas ficavam dispersas e não havia consenso. Cada professor passava uma informação diferente para os alunos, e a culpa de eles errarem algo sempre caía em cima do PIBID. Com o decorrer do semestre o grupo do PIBID da UnB saiu da organização, ficando responsável apenas pela avaliação no dia da mostra e dos trabalhos escritos. Alguns trabalhos ficaram maravilhosos, mas alguns não ficaram nada bons. No fim atribuímos notas de acordo com critérios estabelecidos pelos professores efetivos, e a nota final vai ficar por conta deles. Os experimentos realizados no laboratório trouxeram mais aprendizados do que a mostra. Realizávamos os experimentos com a turma e dávamos alguns fundamentos teóricos que já haviam sido dados em sala, mas os alunos costumam não lembrar. Há turmas que são bem bagunceiras e aí fica um pouco difícil de lidar, mas isso me ajudou muito a melhorar como professora. Percebi que eu tenho estado bem mais confiante para dar aulas, coisa que eu não conseguia fazer assim que entrei no PIBID. Esse projeto tem sido fundamental para o meu crescimento como pessoa, aluna e professora.

Nesse próximo semestre, pretendemos manter os experimentos e tentaremos diminuir mais ainda as cópias de trabalhos, e tentaremos incentivar os alunos a se interessarem por ciências. Entraremos com oficinas aplicadas ao Enem, mas realizando experimentos, além da resolução de exercícios. E realizaremos, paralelamente, trabalhos voltados para os dois alunos deficientes visuais que temos na escola: o Mateus e a Hilary.

(relato escrito em agosto de 2015).

domingo, 9 de outubro de 2016

Por que física?


Pelo menos uma vez por aula , escuto uma pergunta dos meus alunos: “por que física?”. Sempre respondo: “porque ela é linda!”. Mas comecei a perceber que isso não responde, de fato, a pergunta. É apenas uma saída rápida pra uma questão que eu nunca pensei em formular uma resposta decente. E então, eu me pergunto: Por que fisica?

Entrei na Universidade com 17 anos pro curso de Engenharia Civil. Era tudo diferente, incrível. No início, mesmo com dúvida entre física e engenharia Civil, eu gostava muito do curso. Escolhi Engenharia porque o curso me daria condições financeiras de vida melhor que a física. Pra mim, e para a maioria das pessoas, uma pessoa formada em física só poderia dar aulas. Com o passar do curso, percebi que eu só me dava bem nas matérias em comum com a física, e comecei a não gostar da parte específica da engenharia. Comecei a faltar muita aula, perdi o gosto por estudar, reprovava as matérias e estava infeliz. Até que um dia tomei vergonha na cara e, no sétimo semestre, resolvi largar o curso e fazer o que eu realmente gostava: Física.

“Mas por que você gosta de física?”, amigos e familiares me perguntaram. “A física é linda!”, eu respondi e respondo até hoje com brilho nos olhos.

“Mas por que ? Você vai ser pobre, você vai ser professora.”. Essa é a frase mais ouvida por um estudante de fisica, tenho certeza.

Eu escolhi física por que nada no mundo pode me explicar tão bem como ele funciona.

Escolhi física, por que é uma ciência exata que tem tanto pra pensar, tanto pra descobrir e isso me instiga. Escolhi física por que vou ser professora. E professora de uma matéria muito difícil de ser dada e aceita pelos alunos e isso é um grande desafio. Escolhi física porque ela me completa e me faz feliz.

“Mas afinal, o que é a física?” Física é coompreender a natureza explicá-la através de fórmulas e conceitos. A física é explica todos os fenômenos. A física explica a vida. E é um desafio conseguir fazer com que alunos enxerguem isso. Mas eu aceito esse desafio.

Agora eu posso dizer aos meus alunos: escolhi física porque eu quero entender melhor a natureza, o mundo que está à minha volta, e passar todo o conhecimento absorvido para eles, e tentar despertar em cada um o interesse pela ciência.

Encerro dizendo que a física é linda, e esta em tudo ao nosso redor.

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

O que é a Física? 

Muitos dizem que é aquela matéria chata do ensino médio que todo mundo reprova. Outros não sabem responder. Mas já pararam pra pensar que tudo é física?
Por que aquele copo ta parado na mesa? Por que não flutuamos? Vamos mais longe. Por que nossa voz sai? E por que ficamos em pé sem desequilibrar?
A Física está em tudo.

A Física é a ciência que estuda a natureza e busca entender e descrever os fenômenos. Utiliza, para isso, ferramentas como a lógica e a matemática. Física vem do grego physiké, que quer dizer natureza. A partir desse termo, podemos ver que a Física surgiu como necessidade de entender o que se passa na natureza.

Por mais que passe sem perceber, a Física está presente no dia a dia, em todas as atividades do ser humano.

E difícil saber qual é exatamente a área de atuação da física, pois ela está em constante evolução. Com o passar dos anos, essa área foi ganhando destaque em relação às outras ciências, e assim foram descobertas novas áreas dentro da própria física, de forma que cada uma tratasse de assuntos que pudessem ser descritos por leis comuns. Por exemplo:

  •  Mecânica: Estuda tudo relacionado ao movimento de um corpo;
  • Termologia: Estuda os fenômenos térmicos;
  • Ondas: Estuda o movimento ondulatório, as propriedades das ondas e suas propagações. Estuda também efeitos sonoros, pois o som é uma onda;
  • Ótica: Estuda os fenômenos luminosos e visuais;
  • Eletromagnetismo : Estuda as propriedades elétricas e magnéticas de cada partícula;
  • Física Moderna: Estuda os movimentos ocorridos na Física no século XX.


    Pra que estudar física?


    A física também está presente na construção de carros, aviões, edifícios, etc. Na criação do seu computador, telefone. Nas tubulações de água e fios elétricos. Na medicina, em tratamentos e exames. No desenvolvimento dos videogames. 

    Ou seja. Se a Física está presente em tudo, temos que estudá-la e compreendê-la para poder entender tudo ao nosso redor.

    quinta-feira, 3 de março de 2016

    Você conhece o PIBID?


    O PIBID – Programa de Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência, é um programa, como o próprio nome diz, que envia alunos da licenciatura para as escolas públicas do estado, para que eles tenham o primeiro contato com alunos do ensino básico e desenvolvam habilidades para docência. Cada escola adotada tem um professor supervisor, que é o professor efetivo da disciplina na escola. Cada supervisor decide como vai ser a atividade dos pibidianos na escola, que vai desde monitoria até oficinas de determinados assuntos e experimentos, ou de acordo com a criatividade dele. Também é atribuído a ele, o trabalho de orientar o pibidiano em sala e até ensinar alguns saberes docentes. É uma iniciativa do Governo Brasileiro e concede uma bolsa para os alunos como forma de incentivo.

    Nos últimos meses, com os cortes anunciados pelo governo, os grupos do PIBID vêm sofrendo com o medo do programa acabar e várias mobilizações estão sendo feitas em vários estados e no Distrito Federal, inclusive, já foram realizadas audiências públicas na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. O ForPibid, Fórum Nacional do Pibid, coletou mais de 70 mil assinaturas contra o fim do programa.

    Sou participante do projeto desde setembro de 2014, da subárea Física, e ele me trouxe um dos maiores orgulhos que tenho na minha vida: Ensinar. Entrei logo no primeiro semestre, e tinha muita, repito, muita vergonha de ficar na frente, escrever no quadro (confesso que ainda não consigo escrever em linha reta!), e falar mais alto. O conteúdo me fugia da cabeça, de repente, as Leis de Newton me pareciam as mais difíceis do mundo, e eu achei que eu não estava na profissão certa. Mas com o tempo, fui ganhando confiança, apoio, e conhecimento, e tudo começou a caminhar melhor. Tem um dos experimentos que apresentei quase inteiro no laboratório que nunca vou me esquecer: “Linhas de Força com o Gerador de Van der Graaf no óleo de Rícino”. A animação e o interesse dos alunos, a graça que achavam e ver a carinha de surpresa e admiração de cada um deles foi sensacional. Indescritível. E o dia em que eu disse para mim mesma: Eu quero ser professora. Quem me conhece sabe a paixão que eu tenho por esse experimento. Foi onde eu realmente, apesar de sempre ter tido um dedinho na sala de aula, me decidi. Foi quando eu me encontrei de vez nesse mundão de profissões.

    Percebem o quanto o PIBID foi importante? Isso que aconteceu comigo, provavelmente aconteceu com outros milhares de alunos, futuros professores. Num país dito como Pátria Educadora, extinguir um projeto que forma novos professores (e que também faz com que alunos descubram que não gostam de lecionar e que não tenhamos professores descompromissados) não é uma ideia inteligente.

    As primeiras medidas diziam que o PIBID, atualmente com quase 90 mil bolsistas, seria reduzido à 9 mil. Como teve muitos atos contrários a esse corte abrupto, fizeram um novo anúncio. As seguintes anunciavam que pibidianos que completassem dois anos no programa seriam automaticamente desligados, e que não poderia repor os estudantes que saíssem. Ou seja, se um determinado projeto tinha 10 bolsistas, 4 completando dois anos, e 3 por que não conseguiriam mais conciliar o horário com o da graduação, o projeto ficaria com apenas três. Logo mais eles completariam dois anos e o projeto acabaria. Essa é uma maneira camuflada e gradual de encerrar de vez o programa. Em no máximo dois anos não teríamos mais PIBID de nenhuma área. Com manifestações, conseguimos que os pibidianos possam permanecer mais tempo, mas ainda não podemos repor, ou seja, a medida que os alunos forem formando, o programa vai acabando. O problema maior, é que em muitos cursos, os licenciandos não tiveram a mesma sorte que eu tive, de entrar no primeiro semestre. Algumas universidades possuem requisitos, e um deles é estar no fim da graduação, por exemplo.

    Continuaremos na luta, para que não tenhamos a extinção, mesmo que a longo prazo, do PIBID. E contamos com apoio de toda a população, afinal, estamos ensinando vocês e seus filhos, irmãos, sobrinhos, etc. Projeto bom não pode acabar. AVANTE PIBID!
    #ficapibid #somostodospibid

    Priscila Brandão – PIBID Física, Universidade de Brasília

    segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

    Entenda o que são as ondas gravitacionais

    Recentemente foram detectadas as ondas gravitacionais previstas por Albert Einstein, há cerca de 100 anos, em sua Teoria da Relatividade Geral. O anúncio sobre sua detecção foi feito em 11 de fevereiro de 2016 e fez, mais uma vez, todo o mundo notar a genialidade do físico alemão.

    Mas o que são as ondas gravitacionais? Primeiro, será preciso entender um pouco sobre o que é a Teoria da Relatividade Geral. 


    A Teoria da Relatividade Geral
    No século XVII, o físico inglês Sir Isaac Newton, em seus estudos sobre a física do movimento dos corpos e do Universo, disse que as três dimensões do espaço e a dimensão do tempo são imutáveis. Esse postulado foi tido como verdade absoluta até o século XX, quando os físicos, ao estudarem a luz, perceberam que sua velocidade é sempre constante, para qualquer referencial. Mas como isso implica que o postulado de Newton sobre as dimensões espaciais e temporal estava incorreto?

    Suponha que você esteja parado na rua, e que passe um ciclista por você a 20 km/h. Obviamente, a velocidade do ciclista em relação a você é de 20 km/h. Suponha que novamente este ciclista passe por você, com a mesma velocidade, só que agora você começa a correr atrás do ciclista a 10 km/h. Pelas leis de Newton do movimento, agora a velocidade do ciclista em relação a você é de 10 km/h, porque a velocidade da sua corrida compensa pela metade a velocidade do ciclista. Se você correr se afastando do ciclista, ele parecerá muito mais veloz.

    Apliquemos agora esta situação a você, no planeta Terra, ao lado de um detector que mede precisamente a velocidade da luz, e a luz vinda de uma estrela muito distante. Suponha também que a trajetória da luz desta estrela seja paralela ao plano da órbita da Terra ao redor do Sol. Durante metade da trajetória da Terra em torno do Sol, nosso planeta se aproxima desta estrela longínqua. Durante a outra metade, nosso planeta se afasta desta estrela. Pelas leis de Newton, deveríamos supor que a velocidade da luz fosse maior, quando a Terra se aproxima desta estrela. Do mesmo modo, quando a Terra se afastasse desta estrela, deveríamos detectar que a velocidade da luz que ela emite fosse menor. Mas não foi isso que os físicos detectaram.

    Os físicos detectaram, com detectores de alta precisão, que a velocidade da luz emitida por estrelas longínquas era sempre constante, independentemente da época do ano em que se fazia a medição. Isso afronta diretamente as leis de Newton do movimento. Isso implica que, para qualquer referencial, a velocidade da luz é sempre constante, aproximadamente 300.000 km/s. Foi então que os físicos perceberam que a velocidade da luz é sempre a mesma, independentemente de quem a meça. Vejamos um caso absoluto: suponha que você esteja a 299.999 km/s, perseguindo um raio de luz, e que meça sua velocidade. Pelas leis de Newton, você deveria medir 1 km/s, mas você mede 300.000 km/s. Sempre 300.000 km/s. Esse é o ponto de partida da Teoria da Relatividade Geral: para obedecer ao princípio de que a velocidade da luz é sempre constante (em um mesmo meio de propagação), as dimensões do espaço e do tempo devem ser maleáveis, ou seja, elas não podem ser imutáveis!

    Neste caso, por que você está medindo a velocidade do raio de luz 300.000 km/s, se você está a 299.999 km/s? Isso só é possível porque, para você, as dimensões espaciais e temporais estão se modificando. Porém, para aumentar sua velocidade, você precisa de energia. E para chegar a uma velocidade próxima a da luz, você precisaria de energia infinita, o que é impossível. A equação E = mc² diz que energia e massa são grandezas proporcionais: onde há energia, há massa e vice-versa. Aplicando esta ideia aos corpos celestes, que possuem massas extremamente grandes, Einstein supôs que o espaço e o tempo formam um tecido e que este é curvado pelos objetos astronômicos do mesmo modo que um tecido elástico esticado é deformado quando colocamos um objeto pesado sobre ele.


    Este é o tecido do espaço-tempo e a presença de energia e massa o deformam. Essas deformações mudam nossas percepções de espaço e de tempo. Para alguém que está numa parte do tecido que está menos deformada que outra, sua percepção de tempo e espaço é diferente.


    As ondas gravitacionais
    Sabemos que, ao jogarmos uma pedra em um lago, serão produzidas ondas em sua superfície. Isso também se aplica ao tecido do espaço-tempo, com eventos que envolvam grandes quantidades de energia e grandes massas. Foi exatamente o que aconteceu, há 1,3 bilhões de anos, quando houve a colisão de dois buracos negros massivos. Este evento produziu ondas que foram recentemente detectadas (elas demoraram 1,3 bilhões de anos para chegar até nós!) por nossos instrumentos muito precisos, que notaram perturbações em medidas de tempo e espaço, conforme vimos acima. Este foi o evento mais violento já detectado após o Big Bang. As ondas gravitacionais são muito fracas e é necessário um evento de tal magnitude para que possamos detectar sua presença.